O que é arte?Suas manifestações e linguagens
A literatura nada mais
é do que uma manifestação artística, então pra seguir aprendendo sobre a
literatura precisamos compreender o conceito de arte. A arte deriva da palavra
em latim ‘’ars’’ que significa arranjo, habilidade , o que nos ajuda a entender
muito sobre o assunto. Quando digo ‘’arranjo" quero dizer que essa tem uma
composição especial, uma organização diferente e por isso pode ser difícil interpreta-la,. A arte é como um embrulho de presente, pois ela cria expectativa, mexe com
nossas emoções, cada arranjo é diferente e você tem que ‘’abri-lo’’ e
interpreta-lo.
Existem obras de arte que dialogam com
todas as linguagens, como a:
- Linguagem não verbal (forma de
comunicação utilizando a simbologia e signos visuais e sensoriais, cores, sons,
figuras, placas...)
-Linguagem verbal (é o uso da escrita ou
da fala como modo de expressão)
- Linguagem Mista (composta por
linguagem verbal e não verbal)
Reparem bem na obra; O Lavrador de Café de Cândido Portinari. Qual é o arranjo desse quadro? O que provoca esse estranhamento esse certo incomodo na primeira olhada? Agora, repare nos membros agigantados no homem dessa figura, não é de fato um retrato fiel, perceba que o artista destaca as mãos e os pês. Será que esse é um traço raro ou comum nas obras de Portinari? Vamos dar uma olhada então na próxima obra do pintor ''Café''.
Ao observar
vários homens e mulheres também em uma lavoura de café, percebemos que novamente as mãos, braços e pés são ilustrados e agigantados. Isso é uma forma de arranjo, características do artista. Precisamos indagar então; por que o Portinari pintou o quadro dessa forma? Qual é o significado desse arranjo? Naquela época, Cândido Portinari foi acusado de preconceito relacionado a etnia, foi acusado também de estar deformando e transformando essas pessoas em monstros. Mas, na verdade ao adotar essa postura, ele quer mostrar para nós como esses homens e mulheres representaram a força de trabalho naquele período histórico e como a economia dependia fortemente deles, fazendo referência a pilares de sustentação. Na verdade, temos uma leitura completamente crítica e social sobre a mais-valia que era praticada sobre esses homens na época.
Agora vamos ver a definição de arte de
Ferreira Gullar(1982), o maior poeta brasileiro vivo:
''A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transformação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro - mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado - por cima da realidade imediata. Naturalmente, esse mundo outro que o artista cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das ideias que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo''.
Gullar fala muito bem sobre a arte, ele diz que a a arte ''é uma transformação simbólica do mundo'', por isso essa estranheza, por isso essa intensidade nas telas de Portinari. Então, as obras de artes são representações simbólicas do mundo, por isso não se trata de uma representação fiel da realidade. Quando uma obra nos trás incômodo é porque não conseguimos reconhecer de imediato algo próximo de fato da nossa realidade.
O simbolismo da arte
Veremos agora o retrato de René Magritte ''A Traição das imagens''. Em baixo está escrito uma frase que diz, ''isso não é um cachimbo''. Com essa abordagem Magritte quer nos mostrar que essa imagem não é capaz de reproduzir um cachimbo em si, isso é a representação simbólica de um cachimbo, não é um e nem poderá ser. A arte não pode trazer a realidade em si, por isso não podemos exigir isso dela.
Também é importante ressaltar que toda arte está relacionada a um contexto, uma época, um determinado lugar, então é preciso levar em conta que ela estará relacionada sob um aspecto: político, religioso e cultural. Dessa forma é preciso compreender a visão de mundo do artista. Logo, a arte tem um caráter acentuadamente subjetivo.
Então como nos posicionaríamos em relação ''A Fonte'' de Marcel Duchamp? A primeira vista causa estranheza, parece sem sentido, feio, apenas um mictório é difícil pensar que um urinol é uma obra de arte. Mas antes de julgar uma obra precisamos entender o contexto para fundamenta-la.
Contextualizando essa obra percebe-se que Duchamp é um artista do século XX, fazendo parte das vanguardas europeias, esses são um grupo de artistas que estavam muito a frente do seu tempo. Mas a obra não foi bem aceita, a população queria colocar esses artistas em um manicômio. Resumindo Duchamp fazia parte de um grupo específico, o chamado dadaísmo, então basta saber que os artistas dadaísta eram totalmente descrentes na humanidade, pois eles estavam completamente influenciados pelo contexto da primeira guerra mundial. Para eles o mundo tinha perdido o sentido, a lógica tinha sido abolida dentro daquele cenário de guerra e horrores, então a arte não era mais capaz de expressar sentido algum, assim quando o autor coloca esse mictório dentro de uma galeria de arte ele está questionando exatamente o papel da arte. O sentido era exatamente não ter sentido, eles queriam exatamente isso, chocar, agredir o público mostrando a que ponto nos tínhamos chegado com aquele cenário de horrores.
Para que serve a arte?
''Até hoje, pergunta-se: para que serve a arte? Para que serve a poesia? Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo ''Veja bem...'' e daí em diante é um blá,blá,blá teórico que tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio de uma calçada de uma agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum assombro, sem nenhum encantamento.''
(MEDEIROS, Marta)
A arte proporciona uma perspectiva diferente da realidade, ela nos pede pra pensar sobre o que ainda não pesamos, nos encoraja a sair do nosso dia-a-dia. A arte não tem uma funcionalidade prática, e nos dias de hoje queremos imediatismo e praticidade em tudo, mas se desejarmos isso da arte, ficaremos frustrados. Diferentemente do avião (que tem finalidade de voar e nos levar em lugares mais rápido), diferente da geladeira (que preserva os alimentos), diferente do fogão que nos serve para cozinhar, a arte não vai nos oferecer essa finalidade prática, pois, o efeito da arte não é mensurável é subjetivo.
Entrando em contato com a arte, o cânone oficial e as novas perspectivas
A arte pede um poder de observação, de ênfase, de análise, de crítica. Da mesma forma que precisamos nos esforçar para resolver problemas matemáticos e nos exercitar, vai ser preciso a mesma dedicação com afinco e prática para decifrarmos a arte. A arte sofre diversas transformações com o passar do tempo, o conceito da arte sempre esteve em disputas e novas perspectiva. A muitos anos atrás a arte era a representação do belo, na cultura dos gregos o belo era o que era capaz de trazer harmonia, equilíbrio, simetria, isso era sinônimo de perfeição e durante muitos séculos esse foi o modelo de arte admirada. A partir do século XIX com o movimento romântico, a arte passa a ser a representação dos sentimentos. Já no século XX, temos uma revolução e os artistas como Duchamp vai colocar os conceitos mais tradicionais de arte por terra, rompendo de forma definitiva com o passado, buscando as coisas simples, cotidianas e ''feias''.
Percebe-se que o conceito de arte vai se modificando através dos tempos, em determinada época ela vai dando ênfase a técnicas, a imaginação, a aspectos lúdicos e outras vezes a experimentação, mas ao mesmo tempo tem outros aspectos para se pensar em arte, podemos pensar na chancela oficial, nas instituições que vão criando um cânone, naquilo que se entende como arte. Esse cânone pode promover uma leitura engessada dessas obras, devido a repetição, as escolas não estavam criando estudantes para questionar essas obras literárias, ou para desafia-las e força-las a dizer outras coisas. Então, há um engessamento das leituras possíveis e de quem são os autores considerados artísticos literários. E no meio disso tudo vamos ver exclusões, uma perspectiva de arte sendo colocada como oficial, e isso vai promover a exclusão de várias outras modalidades artísticas. Assim obras vão sendo colocadas em primeiro plano que talvez em uma outra perspectiva não estariam. Se pensarmos por exemplo na história da literatura brasileira como criação de uma identidade nacional, José de Alencar está em primeiro plano, mas se pensarmos na história da literatura brasileira em função de outras políticas importantes do século XIX, como a abolição da escravidão ou talvez a emancipação da mulher, poderíamos evidenciar outro rol de autores como sendo importantes. Dessa forma, não teríamos essa cânone de autores que as instituições e a elite da época tinha selecionado como arte oficial. Já no século XX esse engessamento essa nobreza na arte vai ser destruída pelas vanguardas europeias e a semana da arte moderna, e arte passa ser algo antiartístico.
Percebe-se que o conceito de arte vai se modificando através dos tempos, em determinada época ela vai dando ênfase a técnicas, a imaginação, a aspectos lúdicos e outras vezes a experimentação, mas ao mesmo tempo tem outros aspectos para se pensar em arte, podemos pensar na chancela oficial, nas instituições que vão criando um cânone, naquilo que se entende como arte. Esse cânone pode promover uma leitura engessada dessas obras, devido a repetição, as escolas não estavam criando estudantes para questionar essas obras literárias, ou para desafia-las e força-las a dizer outras coisas. Então, há um engessamento das leituras possíveis e de quem são os autores considerados artísticos literários. E no meio disso tudo vamos ver exclusões, uma perspectiva de arte sendo colocada como oficial, e isso vai promover a exclusão de várias outras modalidades artísticas. Assim obras vão sendo colocadas em primeiro plano que talvez em uma outra perspectiva não estariam. Se pensarmos por exemplo na história da literatura brasileira como criação de uma identidade nacional, José de Alencar está em primeiro plano, mas se pensarmos na história da literatura brasileira em função de outras políticas importantes do século XIX, como a abolição da escravidão ou talvez a emancipação da mulher, poderíamos evidenciar outro rol de autores como sendo importantes. Dessa forma, não teríamos essa cânone de autores que as instituições e a elite da época tinha selecionado como arte oficial. Já no século XX esse engessamento essa nobreza na arte vai ser destruída pelas vanguardas europeias e a semana da arte moderna, e arte passa ser algo antiartístico.
Elementos da arte
Os elementos da arte são o artista, o contexto, o público, a estruturação da linguagem (o arranjo a forma) e por último o meio de circulação dessa obra.
Perfeito, muito obrigado! Me ajudou muito.
ResponderExcluirShow!!!!!
ResponderExcluirAmei!!!!
ResponderExcluirMuito interessante,teouseme bons conhecimentos e visões diferentes sobre a arte
ResponderExcluirTotalmente equivocado. Letras/Literatura NÃO pertence à área da Arte.
ResponderExcluirArte é um campo de conhecimento, que refere-se à Dança, Teatro, Música, Artes Visuais e Audiovisual. Professor de Artes é quem tem formação específica nestas áreas.
Letras NÃO é Arte.