Para
entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente
conhecermos as etapas da comunicação. No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles:
- emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
- mensagem: é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.
- receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
- canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
- código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
- contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Função emotiva ou expressiva: O objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.
“ […] Mas quem sou eu para censurar os culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer vingança e responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. Se assim é, que assim seja [...]”. (Fragmento de A hora da estrela, de Clarice Lispector)
Função referencial ou denotativa: Com um discurso construído na 3ª pessoa e ausência de expressões que evidenciem a opinião do emissor, a função referencial tem como objetivo informar o interlocutor através de uma linguagem clara e objetiva:
'[…] Reunindo toda esta gama de trabalhos, o 1º Festival Percurso - Periferia e Cultura em Rede Solidária será realizado no 21 de junho no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Com o tema "Juventude periférica gerando renda, trabalho e desenvolvimento local", o festival terá exposição e venda de serviços e produtos dos empreendimentos econômicos solidários que fazem parte da “Rede de Empreendimentos Culturais Solidários da Periferia Urbana da Zona Sul de São Paulo [...]”. (Fragmento de uma notícia, disponível em Carta Capital)
Função conativa ou apelativa: Nos tipos de textos em que a função conativa predomina, é possível perceber o uso da 2ª pessoa como maneira de interpelar alguém, além do emprego dos verbos no imperativo para convencer o interlocutor:
Função fática: Tipo de mensagem cujo objetivo é prolongar ou interromper uma conversa. Nela, o emissor utiliza procedimentos para manter contato físico ou psicológico com o interlocutor:
“(...) Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe …
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí (…)”.
(Trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da Viola).
Função metalinguística: Linguagem utilizada para falar, explicar ou descrever o próprio código: esse é o principal objetivo da função metalinguística. Nas situações em que ela é empregada, geralmente na poesia e na publicidade, a atenção está voltada para o próprio código:
Como exemplos de metalinguagem podemos citar:
- o autorretrato de um fotógrafo;
- a foto de uma câmera nas propagandas publicitárias;
- a pintura de um artista pintando;
- o filme que descreve sobre o cinema;
- o texto que fala da escrita;
- o desenho de alguém desenhando.
“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros.”
Observe que o texto é em prosa, mas há uma composição rítmica na escolha das palavras, o que imprime tom poético ao texto.
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